segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A História após 1929
Professor Rubens Aguiar
Graduado em História pela Universidade Estadual de Goiás

O ano de 1929 foi de colapso financeiro em todo o mundo, e também o surgimento de novos paradigmas na História. Pois, o objeto de investigação e a abordagem documental, explorado pelos historiadores mudaram significativamente após os anos da década de 1929. Essa transformação deu-se na França, o berço da nova historiografia, dando início a um novo processo de constituir e fazer história. Tudo pode ser transformado em objeto de estudo.
O trabalho de um historiador é planear historia: contar, “relatar” fatos e acontecimentos. Reconstruir parte da memória do passado, através dos traços deixados. Tentando ser o mais imparcial possível, e não utilizando de anacronismos. Sendo que para isso tem que ter fontes confiáveis, seja ela um documentos escrito, uma imagem, gravuras, a memória ou qualquer outro meio que possa dar credibilidade e corroborar o que se afirma. Sem isso não há um trabalho de pesquisa Historiográfica.
Cada historiador ao pesquisar uma fonte questionando-a, interpretará ao seu modo, de acordo com o campo de sua visão, influenciado pelas suas leituras, pelo seu tempo, e por tudo que está a sua volta. De uma forma ou de outro ele é influenciado, mas deve-se procurar sempre olhar para o passado sem estar impreguinado com os conceitos pré-programados.
O historiador fará uma opção, já que não é possível enxergar tudo, e cada um, vê e interpreta de um modo diferente. Não fazemos, sobretudo uma história das coisas e sim na sua grande maioria uma história dos homens. Como nos relata o grande historiador Marc Bloch co-fundador dos annales: “História é pesquisa, logo, escolha (...) O seu objetivo é o homem, ou melhor, os homens, e mais precisamente, os homens no tempo”.[1]
O que se quer esclarecer, é que ao relatar a história de alguém do passado, deveríamos olhar a volta. Qual cenário que aquele sujeito de investigação estava inserido? Como pensava a sociedade em que ele vivia? Indo, portanto ao contexto dos fatos. Sem isto o historiador tornar-se a fadado. Se não for ao texto e ao contexto e fazer este exercício repetidas vezes o trabalho do historiador não ficará bom.
Da mesma forma que se questiona várias vezes o documento se deve fazer o mesmo ao contexto. E se o trabalhador de história não gostar do que faz não deve tentá-lo e sim procurar outra profissão. Como diz Bloch: “A história sempre me divertiu muito".[2] Se o historiador não se divertir com o que está fazendo, não tiver paixão ao seu ofício então estará caminhando para a sua ruína. Sempre me fascinou e me seduziu procurar conhecer o porquê de um determinado acontecimento caminhou de um jeito e não de outro. Tem que dar o sangue e sentir prazer naquilo que faz, senão será apenas um copiador ao estilo dos monges medievais, e sabemos que o trabalho do historiador não é esse. Ou pelo menos não deveria ser.
O grande fascínio que nos é colocado pela nova história é o campo de atuação. A nova história não veta mais nada. A abertura para um mundo de infinitos objetos nos deu a possibilidade de trabalhar não apenas com uma corrente de pesquisa, mas com vários arranjos, muitos caminhos, que alguns são: a história econômica, a narrativa que ainda faz sucesso e tem a sua importância, a história social, a história das idéias, a história das mentalidades, as histórias agrárias, urbanas, da família, a história da mulher, da sexualidade. E também a perspectiva de mesclar duas ou mais correntes na busca de uma resposta que seja favorável aos anseios do historiador. Este trabalho de combinação, porém, é muito difícil. O domínio da história se amplia a um leque de ilimitadas possibilidades. E com isso ela se coloca como a maior das Ciências Humanas e também a mais importante.

Referencias bibliográficas

BLOCH, Marc. Introdução a história. Tradução: Maria Manuel; Rui Grácio; Vitor Romanaeiro. Publicações Europa-America, 1997, 289p.

BURKE, Peter. A escola dos annales: 1929-1989. A revolução Francesa da Historiografia. Tradução: Nilo Odalia. São Paulo. Fundação Editora da UNESP, 1997, 154p.

CARDOSO, Ciro Flamarion e VAINFAS, Ronaldo. Domínios da historia: Ensaios de teoria e a metodologia. Rio de Janeiro, Edit. Campos, 1997, 508p.

LE GOFF, Jacques. A historia Nova.Tradução Eduardo Brandão.São Paulo.Martins Fontes,1998,318p.

REIS, Jose Carlos. Escola dos annales: A inovação em historia. Editora paz e terra, 2000, 193p.


[1] Marc Bloch: prefácio: IN INTRODUÇÃO A HISTORIA. Pp.25
[2] Ibidem: pp.77

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