segunda-feira, 31 de outubro de 2011


RESENHA: REVOLUÇÃO INDUSTRIAL- 1848

OBRA:
              HOBSBAWN, Eric J. “A Revolução Industrial”. IN: A ERA DAS REVOLUÇÕES 1789-1848. TRAD. MARIA TEEZA LOPES TEIXEIRA E MARCOS PENCHEL. PAZ E TERRA. 17ª EDIÇÃO, RIO DE JANEIRO. 2003. PP. 49-82.

Professor Rubens Aguiar
Graduado em História pela Universidade Estadual de Goiás

         Eric John Earnest Hobsbawn nasce em Alexandria, no dia 9 de Junho de 1917. É um historiador marxista reconhecido internacionalmente. É naturalizado inglês. Filho de Leopold Percy Hobsbawm, inglês, e Nelly Grün, austríaca, ambos judeus. Vive em Viena e Berlim. Sofria com a crise econômica de conseqüências da Primeira Guerra Mundial. Seu pai morreu em 1929, e tornou-se órfão quando sua mãe faleceu em 1931. Ele e sua irmã foram adotados pela tia materna Gretl e seu tio paterno Sydney.
         Em 1933, quando Adolf Hitler chegou ao poder, Hobsbawn muda-se para Londres. -Já havia iniciado seus estudos das obras de Karl Marx-. Fugindo das perseguições nazistas, mas também por ter ganhado uma bolsa para estudar na Universidade de Cambridge. Torna-se um militante político de esquerda, e ingressa no Partido Comunista da Grã-Bretanha, que então apoiava o regime Stalinista.
         Durante a Segunda Guerra Mundial (1939/1945), participa de mais um importante período do século XX, ao integrar o Exército Britânico contra os nazistas. Foi responsável por trabalhos de inteligência, pois dominava quatro idiomas. Com o fim da guerra, retorna à Universidade de Cambridge para o curso de doutorado. Sobre esse período, que segundo ele estende-se de 1789 (ano da Revolução Francesa) a 1914 (início da Primeira Guerra Mundial), publicou estudos importantes, como "Era das Revoluções" (1789-1848), "A Era do Capital" (1848-1875) e "A Era dos Impérios" (1875-1914). Ele é responsável por análises aprofundadas sobre aquilo que ele chama de “o breve século XX”. Eric Hobsbawm na era das Revoluções aborda de formas claras duas grandes Revoluções, A Francesa e a Industrial. Trata-se de uma obra de cuidadoso rigor metodológico.        
         Nesta obra é apontado que o termo Revolução industrial surgiu depois da coisa em si, e os socialistas ingleses e franceses só o inventaram por volta dos anos 1820. Ocorreram rápidas transformações por volta de 1780, e a Revolução industrial tem sua partida mais ou menos ai, ela não foi um episódio com um começo e um fim, e o que ocorreu em 1848 foi o que deixou a economia substancialmente industrializada.

         Sob qualquer aspecto foi provavelmente um dos mais importante acontecimento na história do mundo. A Revolução ocorre na Inglaterra apesar de não ter as condições favoráveis, e as inovações tecnológicas da revolução praticamente se fizeram por si mesmas, exceto talvez na indústria química. As atividades agrícolas já estavam dirigidas para o mercado. A política já estava engatada ao lucro. O dinheiro não só falava como governava. Tudo que os industriais precisavam para serem aceitos entre os governantes era muito dinheiro. O sucesso britânico podia ser imitado, o capital e a habilidade britânica podiam ser importados.
         O comercio colonial tinha criado a indústria algodoeira e a alimentava. As plantações da Índia forneciam o grosso do algodão da Inglaterra. A índia passou de exportador para mercado dos produtos do algodão. O que tornou possível a expansão do algodão foram os inventos como a máquina de fiar, o tear movido à água e o tear a motor. Portanto a primeira indústria a se revolucionar foi a do algodão representado 40% a 50% das exportações britânicas entre 1816/1848.
         A transição da economia criou a miséria e o descontentamento, os ingredientes da revolução social. Os pequenos comerciantes, as pequenas burguesias foram vitimas da Revolução. A exploração de mão-de-obra possibilitou aos ricos acumularem os lucros. A revolução e a competição provocaram uma queda constante dos preços. E depois de 1815 a situação geral era de deflação. E nesta época os salários só poderiam cair se caísse o custo de vida.

         Em 1800, a Inglaterra produziu cerca de 90% do carvão mundial. Isso possibilitou a invenção básica da maquina que iria transformar as indústrias de bens de capital: a ferrovia. Ela incendiou o imaginário popular, pois revela ao leigo de forma tão cabal o poder e a velocidade da nova era. Em 20 anos (1830-50) a produção de ferro subiu 330% na Inglaterra. As classes ricas acumularam renda tão rápida e em tão grande quantidade que excediam as possibilidades de gastos e investimentos.
         Os proletariados recebiam o mínimo para a subsistência da semana, e os ricos investiam mais na área dos transportes e relutavam em investir em novas indústrias.  Apesar de as cidades inglesas serem feias, obscuras e cheias de fumaça e ter o proletariado mais pobre do que em outros paises, a Inglaterra recolhia quase 50 milhões de toneladas de carvão, importava e exportava 170 milhões de libras esterlinas em mercadorias em um só ano. Era de fato a “oficina do mundo”. Eles tinham uma única lei comprar no mercado mais barato e vender no mais caro. Estava transformado o mundo, e a transição do Feudalismo para o Capitalismo estava concluído.

         O autor utiliza o método dialético histórico. Foi membro do grupo de historiadores marxistas britânicos, como Christopher Hill, Rodney Hilton e E.P. Thompson que, nos anos 60, diante da desilusão com o estalinismo, buscaram entender a história da organização das classes populares em termos de suas lutas e ideologias, através da chamada "História Social". Hobsbawm dedicou-se à interpretação do século XIX.
         Adotando a teoria marxista e se filiando a escola marxista inglesa. Ele é Considerado um dos mais importantes historiadores atuais. Hobsbawn, além de velho militante de esquerda, continua utilizando o método marxista para análise da história, continuamente a partir do princípio da luta de classes. É membro da Academia Britânica e da Academia Americana de Artes e Ciências. Foi professor de História no Birkbeck College (Universidade de Londres) e ainda é professor da New School for Social Research de Nova Iorque.
          Está obra (A era das Revoluções) de fundamental interesse para estudantes do Ensino Acadêmico. Tem uma linguagem um pouco rebuscada, mas de fácil entendimento, sendo apenas necessário para a sua compreensão conhecer termos marxistas.  Servindo como modelo de história social e marxista.

         Obra de essencial importância. Expõe que com a Revolução Industrial, a transição do sistema doméstico para o fabril acorreu de forma muito acelerado. Pois com isso a evolução que ocorreu no mundo foi enorme, mas isso a custa da exploração de toda uma nova classe que surgia, a classe proletária.
         A Revolução dividiu o trabalho, o homem faz coisas, constrói coisas sem saber o que está realmente fazendo. Foi tirado o controle dos meios de produção das mãos do homem e tornou-o submisso ao grande patrão, detentor destes meios.
         Mas o que de fato representa está ampla mudança, e torna claro que o feudalismo está apenas no passado é a indústria de ferro. Ele que concentrou muita mão-de-obra contribuiu muito para guinada da indústria. A máquina a vapor é o que de fato causou a “revolução”, deixando claro que uma nova era tinha se iniciado. Isso se deu graças à exploração e massacre de toda uma classe de trabalhadores, tornando-os miseráveis, pagando um salário apenas para a subsistência.
         Apesar de tudo, vivemos na melhor das épocas onde a tecnologia torna a vida muito fácil. Essa ‘revolução’ tecnológica que o mundo sofre desde o final do século XX e inicio do XXI, é um fator provocado lá atrás na Inglaterra do século XIX. Pois ela possibilitou ao homem os meios para se inovar e inventar maquinários sem limites e numa velocidade cada vez mais rápido.
         Os marxistas consideram as revoluções como processos violentos e destrutivos, claro que isto é sensato, já que em revolução ou quando se fala em revolução eu entendo como uma forma de quebrar barreiras, derrubar paradigmas, e é lógico que isso não se da de forma fácil ou amigável, uma vez que a resistência pela mudança é enorme.
         A Revolução Industrial destruiu homens e criaram outros, com estilos de vidas que os torna irreconhecíveis. Fez com que homens lutassem entre si por uma vida miserável, pois existia e ainda existe muito desemprego. Um exército de reservas foi formado onde o patrão poderia manipular e pagar qualquer coisa pela força de trabalho, pois sempre teria alguém passando fome que iria aceitar. E se antes isso acontecia nas fabricas, hoje isso está acentuado no comércio. O que se vê são pessoas trabalhando igual a condenados por um trabalho de fome. Por quê? Porque não tem outra saída, nenhuma outra forma de tirar renda, ficando refém do sistema.
         E o Estado que deveria defender o trabalhador, contribui para isso na elaboração das leis, normas estas que deveriam defendê-los são muito brandas em relação ao detentor dos meios de produção, pois a na lei muitas brechas.
         Mas quem de fato vence com a Revolução 1848 é o capitalismo Industrial, com uma mudança latente na forma de produzir. Não obstante com a mortandade de milhares de trabalhadores. Entre elas mulheres e crianças que chegavam a trabalhar até 16h por dia. Os trabalhadores foram concentrados num só lugar para facilitar o controle por parte dos patrões. Mudaram-se as relações sociais, os homens estavam todos no mesmo lugar, mas não havia comunicação, as fabricas não propiciavam isso.
         A Revolução propiciou as empresas que se dividissem em ações. E na atualidade nada representa tão bem o capitalismo como a bolsa de valores, a velocidade com que o Capital gira e passa de um lugar para outro é monstruosa. Nunca o capitalismo se mostrou para o mundo de forma tão clara. 
         Tudo isso é imagem do que acorreu no mundo a mais de um século. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL possibilitou ao mundo uma interligação e uma transição de mercadoria e mercadoria humana. O homem como mão-de-obra, é mais um joguete nas mãos dos capitalistas. Não dando possibilidades de escolha, transformam os homens em escravos do sistema, este suga ao máximo a força de trabalho do homem e depois o descarta de forma abrupta, como se não fosse nada. E de fato o é, pois o capitalismo não se preocupa com o sofrimento, apenas se preocupa em produzir cada vez mais, e em acumular de forma intensa a riqueza.
         Destarte a Revolução “Sob qualquer aspecto foi provavelmente o mais importante acontecimento na história do mundo”. (Hobsbawn, 2003 pág. 52) apesar dos pontos negativos. A Revolução e o Capitalismo propiciaram e têm propiciado coisas fantásticas ao homem. Como a globalização que é um fator e uma conseqüência da Revolução.
         Enfim a Revolução tornou o mundo melhor e fez com que pessoas de todas as partes do mundo comercializassem de forma instantânea, apesar dos massacres, das misérias que veio junto com ela, nada tão espetacular poderia transformar o mundo de forma tão substancial como a Revolução Industrial fez. Ela é deste modo o mais importante acontecimento da Era Moderna.